Adelino Colombo sempre atribuiu ao relacionamento próximo com colaboradores o principal marco de sua trajetória de sucesso e empreendedorismo. Quando questionado sobre seu legado, certa vez, declarou: "Cresceu na vida através do próprio esforço, cumpriu todos os seus compromissos e respeitou as pessoas".
Com persistência, construiu o Grupo Colombo, composto pelas lojas de eletromóveis e pelas empresas Crediare; ColomboCred, especializada em empréstimos; Colombo Motors; Colombo Consórcios; Colombo Casa Pet; Feirão de Móveis; e a Colombo Tech, desenvolvedora de soluções de software para varejo em nível nacional. Participou ativamente de entidades associativas e do Rotary Internacional.
Nascido em uma família de agricultores, Adelino construiu, em cinco décadas, um império de faturamento bilionário.
Criado como armazém que vendia produtos a granel no final da década de 1950, a Colombo deu um salto com a chegada do aparelho televisor no Rio Grande do Sul. Copiando a estratégia que viu funcionar, Adelino visitava as casas dos clientes e pedia para "testar a qualidade da imagem do aparelho" na esperança de conquistar o freguês com a novidade recém chegada do centro do país. A artimanha deu certo e, batendo de porta em porta, o comerciante fez fortuna.
Imprimindo sua personalidade durante as décadas em que esteve no comando da companhia, Adelino expandiu a rede para os Estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná. Em 1999, em uma tentativa de nacionalizar a marca, instalou-se no interior paulista, onde a Colombo chegou ter 65 lojas. Chegou a ser a terceira maior cadeia do setor ao avançar em São Paulo e Minas Gerais.
O alto custo para anunciar e a competição agressiva do setor obrigaram o empresário a dar um passo atrás em 2012, e as unidades paulistas acabaram vendidas para a rede paulista Cybelar.
Apesar de todos os desafios, nunca pensou em pendurar as chuteiras. Dizia não ter temperamento para ser aposentado.
Enquanto os grandes concorrentes varejistas corriam à bolsa em busca de capital para expandir os negócios, o empresário gaúcho sempre insistiu em crescer com as próprias pernas. O motivo da recusa em abrir o capital da empresa para investidores, era bastante peculiar: Adelino dizia ter verdadeira "coceira" a sócios. Fazia questão de seguir sozinho para "não ter que dar explicação para ninguém".
Líder na região sul do país, a Colombo se tornou uma marca bastante cobiçada no mercado varejista. Parcerias com as mexicanas Coppel e Elektra chegaram a ser desenhadas, mas ambas redes desistiram depois da insistência do gaúcho em continuar como sócio majoritário na sociedade. As propostas mais recentes Adelino garantia nem escutar.
Em entrevista concedida a Zero Hora em julho de 2014, o empresário afirmou que sua intenção era capacitar os descendentes para se tornarem acionistas da empresa e que esperava que a Colombo não saísse das mãos da família. "Sempre falo para os meus filhos: a empresa é a vaca, não queiram comê-la. Vamos nos contentar com o leite".
Colombo será velado na Capela A do Memorial São José de Farroupilha e o sepultamento está marcado para as 11h deste sábado (16) no Cemitério Público Municipal de Farroupilha.