A testemunha — que não teve o nome divulgado — seria familiar de uma das vítimas e trabalhava na casa auxiliando nas tarefas domésticas há alguns anos. Segundo o depoimento, Octávio ofereceu um medicamento para ela na noite de terça-fera (27).
— Ele teria oferecido esse medicamento a essa única pessoa que sobreviveu. Ela afirma que, na hora, a conduta não chamou atenção, que era normal ele dar remédio a familiares, especialmente agora na pandemia. Ela não viu como algo estranho e acabou tomando. Apesar de ter ingerido o remédio, não teve o efeito desejado pelo homem, aparentemente, porque ela acordou com o barulho. Possivelmente, ele teria dado esse medicamento também aos demais familiares, para que dormissem — diz o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, titular da 4ª Delegacia de Homiidios e Proteção à Pessoa (DHPP), que ficará responsável pela investigação do caso.
O cenário encontrado pelos agentes no local corrobora com a hipótese, já que cada vítima estava em sua cama, descreve o delegado.
Conforme o relato da mulher, ela dorme em um quarto no primeira andar da casa de três pisos. Os crimes foram cometidos no segundo andar. A mulher afirma que, nesta manhã, ouviu os disparos e subiu para verificar o que ocorria. Ao chegar ao segundo pavimento, localizou os corpos em cada quarto e saiu da residência para chamar a polícia.
— Ela foi ingressando em cada quarto e viu aquelas cenas. Depois, chamou o zelador, que a acolheu, e ambos chamam a polícia — relata Garcia.
Apesar de ter recebido o remédio, a polícia acredita que a mulher não era alvo do homem.
— Aparentemente, ela foi poupada porque ele não queria matá-la. Os alvos eram as pessoas que de fato foram mortas — indica o delegado.
A polícia ainda não confirma as identidades oficialmente, mas GZH apurou que as vítimas são a esposa de Octávio, Lisandra Lazaretti Driemeyer, 45 anos, o filho Enzo Lazaretti Driemeyer, 14, a mãe do homem, Delci Driemeyer, 79, e a mãe de Lisandra, Geraldina Lazaretti, 81. O crime aconteceu em um residencial da Rua Dona Maria, próximo à Rua Silveiro.
Na casa, foram encontradas duas armas calibre 12 e ambas teriam sido usadas no crime, segundo a polícia. Uma das espingardas foi localizada embaixo do corpo do homem que efetuou os tiros.
De acordo com o relato de familiares e vizinhos, o crime chocou quem tinha contato com Octávio. A polícia ainda irá apurar qual a motivação para os crimes.
À reportagem, a Delegacia de Homicídios confirmou que, de acordo com o depoimento de pessoas ouvidas até o momento, o crime pode ter sido motivado por uma crise financeira que a família enfrentaria. A Polícia Civil ressalta que as informações ainda serão apuradas. Até o momento, essa é única linha indicada pelas testemunhas. Segundo a Brigada Militar Octávio era empresário e tinha duas empresas, em Canoas e Porto Alegre, uma do ramo de alimentos e uma ferragem.
A polícia afirma que nenhum registro anterior havia sido feito por familiares contra o homem, como de violência doméstica ou ameaças. Os relatos indicam que ele era uma pessoa "amorosa":
— Isso chama atenção, até pela forma como ocorreu, as armas utilizadas, o grau de pessoas vitimadas. Todos que conversamos relataram que ele era sempre querido, amoroso com familiares, que tinha muito carinho por todos a sua volta. Era alguém reservado, sim, mas não relatos de nenhuma violência por parte dele — diz o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia.